Sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Última Modificação: 09/06/2020 16:54:27 | Visualizada 319 vezes
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Os apreciadores têm motivos extras para valorizar o churrasco, seja de carne vermelha ou de branca. Após ajustes na oferta que implicaram em queda na produção no campo, alguns cortes acumulam valorização próxima de 20% em um intervalo de três meses. Como a estratégia do mercado tem sido seguir a variação do consumo, os especialistas avaliam que o ciclo de alta deve se prolongar até o final do ano, encarecendo o Natal e o Ano Novo. E quem troca a carne de boi pela de suíno ou de frango não escapa dos aumentos.
O frango lidera o salto de preços no Paraná. Nos últimos três meses, o quilo da peça congelada subiu 18% no varejo, chegando a R$ 5,43. Entre janeiro e setembro, a alta acumulada foi de 6%, indicam dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). “A oferta mais restrita aliada à demanda aquecida no mercado interno e externo causaram esse ciclo de alta”, explica Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado. Ele detalha que a queda na produção foi a estratégia do setor para administrar a crise enfrentada no ano passado, quando a atividade tinha custo recorde e ameaçava dar prejuízo.
O cenário é semelhante para a carne suína. O setor aumentou o abate de matrizes nos últimos anos, reduzindo a disponibilidade de animais para a produção, relata Paulo Rossi, coordenador do Centro de Informação do Agronegócio da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Os suinocultores estão tentando se recuperar da fase em que os custos eram maiores do que o preço de venda.” Ele acrescenta que as exportações estáveis, num cenário de oferta menor, potencializaram a demanda, colaborando para os preços mais altos.
As geadas de julho e agosto também encareceram o alimento, sobretudo a carne de bovinos criados a pasto. “A tendência já era de alta, mas o inverno rigoroso fez com que a valorização fosse um pouco além do previsto”, salienta Rossi. Ele estima que o valor da arroba do boi deve ficar no patamar recorde de R$ 115 para os produtores - em setembro a média estadual foi de R$ 100, conforme a Seab. Isso faz com que cortes como a paleta com osso custem até 9% mais do que no ano passado, diante das pastagens mais escassas.
Os especialistas descartam uma queda expressiva nas cotações no curto prazo para as carnes bovina, suína e de frango. “Apenas em dezembro, com o aumento na oferta de pastos, os preços da carne bovina devem cair”, prevê Antonio Guimarães, analista de mercado na Scot Consultoria. No caso do mercado avícola, o consumo de fim de ano deve sustentar uma nova alta. “Em novembro e dezembro, quando há o ápice da demanda, o preço deve voltar a subir”, salienta Iglesias.
Mesmo gastando mais, o consumidor não abre mão do churrasco, conforme o dono de açougue Diomar Agottani, do Carnes Regina. “O pico dos preços foi há cerca de um mês, mas o consumidor entende a situação.” Quem tenta gastar menos migrando da carne bovina para a de frango ou suíno nota que todos os preços subiram. “O mercado é pouco elástico no varejo”, pontua Rossi.
Fonte: Gazeta-Maringa