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Assembleia usa ?tratora?o? para aprovar projetos do governo...

Quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Última Modificação: 09/06/2020 16:54:12 | Visualizada 278 vezes


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Criticada pela oposição, manobra que elimina a análise das propostas pelas comissões é utilizada para a votação de matérias consideradas “urgentes”

 

Em votações relâmpagos e com um “tratoraço” que já virou rotina, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou ontem um pacote de projetos de lei do governo do estado. Entre as propostas, estão a fusão das secretarias de Esporte e Turismo e o corte de mil cargos comissionados no Executivo acompanhado da criação de mil funções gratificadas para servidores efetivos. As matérias devem ser sancionadas pelo governador Beto Richa (PSDB) até o fim desta semana, antes de ele viajar para os Estados Unidos.

 

A aprovação rápida dos projetos foi possível graças à realização de sessões extraordinárias em sequência e a uma manobra regimental chamada de comissão geral de plenário. Com esse artifício, matérias consideradas “urgentes” — a maioria de interesse do governo — têm o trâmite acelerado, pois não precisam passar pela análise prévia das comissões às quais teriam de ser submetidas antes de irem à votação em plenário.

 

“Sempre que se quer passar o trator nas propostas, se usa esse artifício. Isso é muito ruim porque não há aprofundamento da discussão, e o Legislativo acaba ficando conivente com todas as ações do governo”, critica o líder da oposição, Elton Welter (PT). Um projeto que exemplifica a afirmação do petista é o 552/2013. A proposta, que unifica as pastas de Esporte e Turismo, teve a tramitação praticamente liquidada em apenas 24 horas — hoje, passará por redação final, uma votação apenas de praxe.

 

Por outro lado, o líder do governo na Casa, Ademar Traiano (PSDB), defende que o recurso é antigo e foi utilizado por outros governos. O tucano acredita que a análise rápida não prejudica o processo democrático porque todos os deputados tomam conhecimento dos projetos dias antes das votações. “É um recurso que garante a celeridade do processo para alguns assuntos que exigem certa urgência”, argumenta.

 

O deputado Caíto Quin­­tana (PMDB), que exerce mandato na Assembleia há mais de 30 anos e atuou como chefe da Casa Civil no governo Requião (PMDB), admite que as comissões-gerais eram instituídas em legislaturas passadas, mas em menor número. “Ultimamente, elas são instaladas para discutir qualquer assunto sobre os quais não se quer permitir a passagem pelas comissões.”

 

Inconstitucional

 

Para o professor de Direito Constitucional da UniBrasil Paulo Ricardo Schier, apesar de estar previsto no regimento interno da Assembleia, o artifício da transformação do plenário em comissão geral pode ser considerado inconstitucional. “A democracia prevê o debate público, a participação da mídia, da oposição e de diversos atores sociais. Quando a discussão de um projeto de lei se faz rapidamente, não existe tempo para que esses atores formem uma opinião, o que acaba subvertendo a ideia de democracia”, opina.

 

Schier destaca que as comissões parlamentares, permanentes ou temporárias, realizam um trabalho importante no estudo das matérias. “No caso das comissões gerais, o assunto não é devidamente debatido e pensado tecnicamente para, por exemplo, elaborar argumentos para que a matéria seja refutada”, avalia.

Fonte: Gazeta-maringá

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