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Vulner?veis, mas com notas acima da m?dia..

Quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Última Modificação: 09/06/2020 16:52:09 | Visualizada 236 vezes


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Os segredos das 31 escolas do Paraná que nadaram contra a correnteza e atingiram índices no Ideb esperados apenas para 2022

 

Mudança na linha pedagógica, reforço escolar e participação dos pais. Essas foram as principais estratégias adotadas pelas 31 escolas paranaenses que atendem alunos em regiões de alta vulnerabilidade social, mas que obtiveram desempenho acima da média no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de 2011. As instituições foram mapeadas pela Fundação Lemann e compõem um quadro de 215 unidades educacionais que nadaram contra a maré para oferecer uma educação de qualidade aos seus estudantes.

Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, teve 15 escolas das 31 unidades selecionadas pelo estudo no Paraná. Uma delas é a Professora Suzana Moraes Balen, onde os pouco mais de 230 alunos matriculados no ciclo 1 do ensino fundamental (1.º ao 5.º ano) conseguiram superar o baixo perfil socioeconômico e aumentaram de 4,7 para 7,5 a nota no Ideb – ficando 47% acima da sua própria meta e passando as médias nacional (4,7) e estadual (5,4).

 

A receita para o feito envolveu um trabalho conjunto feito por professores, fonoaudiólogos, coordenadores e assistentes sociais para aproximar os pais da escola. “Muitos desses pais trabalhavam na informalidade na fronteira com o Paraguai, e as crianças faltavam às aulas. Fomos às casas deles, explicamos a importância da educação e agora a participação é maciça”, conta a diretora Rozilda Luísa dos Reis.

 

Na Escola Municipal São José, em Joaquim Távora, no Norte do estado, onde a meta do Ideb foi superada em 73%, a receita incluiu buscar alunos em suas casas. “Muitos pais trabalham em frigoríficos da cidade e levantam de madrugada para ir trabalhar. Como não tinha ninguém que acordasse o aluno, ele perdia aula”, conta Dezuita Vieira de Souza, à época coordenadora da Secretaria da Educação que hoje comanda.

 

O trabalho na cidade também envolveu a revisão da linha pedagógica. “Em 2005, quando a Prova Brasil foi instituída, fizemos ajustes na matriz pedagógica e criamos novas apostilas”, completa.

 

O Paraná foi o segundo estado com a maior quantidade de escolas no quadro levantado pela Fundação Lemann, atrás apenas de Minas Gerais – com 109 instituições na lista. O perfil socioeconômico foi estabelecido pela fundação de acordo com os questionários respondidos pelos estudantes durante a Prova Brasil e as unidades selecionadas tiveram de apresentar evolução nos últimos três Ideb e, na avaliação de 2011, nota superior a 6 – patamar este esperado pelo governo brasileiro para todas as escolas a partir de 2022.

 

Perfil social influi na escola, mas pode ser contornado

 

Os resultados do estudo da Fundação Lemann mostram que é possível contornar os problemas provenientes da alta vulnerabilidade social e alcançar bons resultados em escolas instaladas nesses locais. Essa é a opinião de Antônio Augusto Gomes Batista, coordenador de desenvolvimento de pesquisas do Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), instituição que há 25 anos analisa o ensino público no país.

 

“Um dos principais preditores de resultados na educação é a origem social. Isso porque as escolas repetem a sociedade, distribuindo recursos de forma diferenciada quando deveriam fazê-lo de forma igualitária. Mas isso não é uma lei, um destino. O mérito dessa pesquisa é mostrar que toda criança pode aprender desde que sejam dadas as condições para tal.”

 

Apesar de relativizar o desempenho no Ideb como critério de avaliação do processo de aprendizagem, Batista vê a nota com uma evolução. “O fenômeno educativo é muito maior, envolve formação humana e desenvolvimento integral. Mas como ainda não conseguimos medir amplamente a educação, o Ideb e a Prova Brasil são sinais importantíssimos que devem ser considerados e servem como prestação de contas da escola para a sociedade”, avalia.

 

 


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