Segunda-feira, 23 de junho de 2014
Última Modificação: 05/09/2018 14:38:42 | Visualizada 146 vezes
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Seleção define contra Camarões o destino na Copa: risco pequeno de eliminação, a forte Holanda ou o animado Chile nas oitavas. Felipão repetirá a mesma equipe da estreia
A seleção brasileira define hoje seu rumo na Copa do Mundo de 2014. Sairá da partida contra Camarões, às 17 horas, no Estádio Mané Garrincha, sabendo se continua no torneio e, em caso de classificação, qual será o caminho para chegar à final, dia 13 de julho, no Maracanã. Para isso, precisará reencontrar o horizonte perdido na Copa das Confederações com o mesmo time que há um ano parecia pronto, mas perdeu sua essência em dois jogos no Mundial.
O próprio Luiz Felipe Scolari parecia convencido da necessidade de mudanças. Após o jogo contra o México, admitiu fazer alguma modificação além da simples volta de Hulk no lugar de Ramires. Paulinho e Fred eram os mais ameaçados por substituições que simplesmente não aconteceram.
“Não vou fazer mudança nenhuma. Confio no time que coloquei no primeiro jogo”, cravou Felipão, que mais adiante fez uma defesa feroz de Paulinho. “Confio cegamente no Paulinho.”
Pouco antes, o capitão Thiago Silva havia feito o mesmo com Fred. “Ele não tem de fazer gol todos os jogos. Se não fizer gol e abrir espaço para o Neymar e o Oscar fazer, ele ficará feliz. Certeza que amanhã [hoje] o Fred vai tirar esse peso das costas”, afirmou.
Com o mesmo time, Felipão busca retomar a fórmula da Copa das Confederações. Quer a marcação sob pressão desde o início que sufocava adversários. Camarões, mesmo eliminado, diz saber como repetir explorando outro elemento, a pressão sobre a seleção de não estar classificada. “O Brasil vai tentar nos dominar rapidamente, ainda não está classificado. Vamos tentar nos despedir com uma boa imagem”, disse o camaronês Makoun.
Camarões deixar uma boa imagem fatalmente será sinônimo de um desastre para o Brasil. Desde a Copa de 1978, na Argentina, a seleção não chegava à última rodada da primeira fase sem ter vencido os dois jogadores anteriores. O Mundial de 1966 foi o último com queda na primeira fase. Hoje, a seleção precisa empatar para passar ao mata-mata e ganhar para fazê-lo à frente de Croácia ou México, que decidem a outra vaga.
Quando o Brasil entrar em campo, Chile e Holanda já terão definido o primeiro e o segundo colocados do Grupo B. Portanto, a seleção saberá o que terá de fazer para encarar este ou aquele adversário. Também saberá o caminho até a decisão.
Se for primeiro, joga em Belo Horizonte (oitavas), Fortaleza (quartas) e novamente BH (semifinal). Embora, em tese, diminua o risco de cruzar com a Holanda já na próxima fase, pode ter pela frente o segundo colocado do grupo da morte nas quartas de final (Itália ou Uruguai). Na semifinal, um iminente duelo contra Alemanha ou França, duas equipes de melhor futebol até o momento.
Passando em segundo, terá um roteiro 1,5 mil quilômetros mais longo. Passa por Fortaleza, Salvador e São Paulo. Começaria fatalmente contra os holandeses. Teria, nas quartas, provavelmente uma seleção de pouca tradição – Costa Rica ou Costa do Marfim. E poderia duelar com os argentinos já na semifinal. Um caminho que o Brasil espera desenhar com vitória e, se possível, o bom futebol que outras seleções já apresentaram dentro do Mundial.
“Queremos passar ao mundo a impressão de uma equipe bem coesa, que joga futebol coletivo. A gente pensa em entrar para vencer. Se vai dar espetáculo, é outra coisa, é consequência”, resume Thiago Silva.
Scolari diz que Van Gaal é “burro ou mal intencionado”
Luiz Felipe Scolari abriu guerra ontem contra o técnico da Holanda, Louis Van Gaal. O brasileiro não gostou de uma declaração do colega, que teria sugerido que o Brasil entra na última rodada podendo escolher o adversário das oitavas. O primeiro colocado do grupo do Brasil enfrenta na próxima fase o segundo colocado do grupo da Holanda – e vice-versa.
“É claro que o Brasil não deve querer enfrentar a Holanda. Marcamos gols, e gols fantásticos”, disse Van Gaal. Em vários momentos da entrevista coletiva de ontem à noite, Scolari fez críticas ao posicionamento do holandês, mas sem citá-lo pelo nome. Ele chegou a falar que o ex-jogador Rivaldo, pentacampeão em 2002, já havia o alertado sobre “essa pessoa” – Rivaldo e Van Gaal tiveram uma série de desentendimentos no Barcelona.
“Algumas pessoas se manifestam dizendo que vamos escolher adversário. Ou são burras ou mal intencionadas. Temos de jogar para classificar. Os horários [dos jogos] quem escolheu foi a Fifa”, afirmou Scolari.