Quinta-feira, 26 de junho de 2014
Última Modificação: 05/09/2018 14:38:34 | Visualizada 138 vezes
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Na última partida em Curitiba na Copa, Argélia e Rússia oferecem à capital paranaense um clima de duelo eliminatório. Ambos brigam por vaga na próxima fase
Curitiba ficou de fora dos momentos decisivos da Copa. Mas, na última rodada da fase de grupos, viverá a sensação de um jogo eliminatório, hoje, às 17 horas, no duelo entre Argélia e Rússia. A não ser que ocorra uma improvável vitória da lanterna Coreia do Sul por mais de um gol sobre a líder Bélgica em São Paulo, quem vencer na Arena da Baixada avança. Aos argelinos, basta o empate.
É uma partida simbólica também para as duas seleções, que jamais passaram da primeira fase. “Pode ser histórico. No começo da Copa minha equipe não tinha nada a perder. Agora temos”, diz o técnico da Argélia, o bósnio Vahid Halilhodzic, admitindo surpresa por chegar com a vantagem do empate. “Quando vejo campeões eliminados e a nossa seleção com grandes chances, sem dúvida é uma partida histórica.”
Até agora a campanha de referência para os argelinos era a de 1982, primeira Copa do país, na qual assombraram ao vencer a vice-campeã Alemanha (2 a 1) e o Chile (3 a 2), além da derrota para a Áustria (2 a 0). Acabaram eliminados após a suspeita vitória por 1 a 0 dos alemães sobre os austríacos, resultado que classificou ambos e tirou do páreo os norte-africanos. “A geração de 82 conseguiu excelentes vitórias e infelizmente não foi adiante. Mas agora essa jovem equipe consegue fazer essa jornada excepcional. Vamos ver amanhã [hoje]...”, comentou Halilhodzic.
Curiosamente, caso a seleção argelina passe de fase provavelmente reencontrará a Alemanha nas oitavas de final. Um confronto visto como chance de vingança pelo episódio de 32 anos atrás na Espanha.
A Rússia herdou a história esportiva da União Soviética, que ficou cinco vezes entre os oito primeiros e chegou a ser quarta colocada em 1966. Porém, competindo com a bandeira azul, vermelha e branca nas Copas de 1994 e 2002, decepcionou. O técnico Fabio Capello, porém, minimiza uma possível eliminação. “O fato de conseguirmos nos classificar [para a Copa] após 12 anos já mostra uma melhora. Foi um salto importante para entendermos nosso nível e o que precisamos planejar para daqui a quatro anos”, afirma o italiano, cujo trabalho mira a Copa de 2018, em casa.
Assim, ele rebateu declaração do ministro do esporte russo, Vitaly Mutko, que pediu mais estrangeiros no campeonato local como forma de aumentar a qualidade. Capello prefere espaço para os jovens locais. “Quanto maior o número de russos jogando, melhor será e haverá mais opções”, disse o treinador, que trouxe para o Brasil 23 atletas do Campeonato Russo. Nomes como o goleiro Akinfeev e o meia Dzagoev, do CSKA Moscou, por exemplo, têm mercado nas principais ligas da Europa, mas preferem continuar no país natal. Prova do poder financeiro do futebol que paga ao italiano o mais alto salário entre os técnicos do Mundial.
A Argélia vai na contramão. Apenas os dois goleiros reservas jogam no futebol do país e 19 dos 23 convocados atuam na Europa. Muitos em clubes de menor expressão, mas de ligas fortes como Itália (4), Espanha (4), Inglaterra (3), Portugal (3) e França (3). Os mais famosos são o atacante Feghouli, vice-campeão da Liga Europa pelo Valencia, e Taider, meia da Inter de Milão. Ainda chamam atenção Slimani (atacante do Porto), Brahimi (meia do Granada) e Bentaleb (meia do Tottenham).
“Boa parte dos nossos jogadores atua na Europa, sim, mas infelizmente muitos não são titulares em seus clubes”, comenta Halilhodzic, apontando a experiência como vantagem russa no duelo.