Sexta-feira, 04 de julho de 2014
Última Modificação: 05/09/2018 14:38:27 | Visualizada 145 vezes
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Depois de fazer da crise emocional assunto para a semana inteira, Brasil espera ter colocado a cabeça no lugar para conquistar uma vaga na semifinal contra a Colômbia
A seleção brasileira sai do divã público diretamente para a disputa por uma vaga na semifinal da Copa do Mundo de 2014. O choro dos jogadores durante o Hino e na disputa por pênaltis contra o Chile virou assunto nacional nos últimos seis dias. Mas é exatamente nos seus chorões que o time de Luiz Felipe Scolari mais aposta para vencer a Colômbia, hoje, às 17 horas, na Arena Castelão, em Fortaleza.
Júlio César, Thiago Silva, David Luiz e Neymar foram os jogadores que mais derramaram lágrimas no Mundial. Os quatro são, ao lado de Luiz Gustavo, suspenso, os de melhor desempenho do Brasil no torneio.
David Luiz lidera o ranking Fifa de melhor jogador. Neymar é o vice-artilheiro, com quatro gols. Júlio César foi herói e melhor em campo contra os chilenos. Thiago Silva arranca elogios de todos os adversários pelo desempenho, mas recebeu duras críticas por sua postura na disputa por pênaltis. Sentou-se em cima da bola, distante do grupo, e pediu para bater depois até do goleiro.
“Como capitão e líder do grupo, Thiago Silva tinha a obrigação de incentivar os companheiros”, criticou Carlos Alberto Torres, capitão do tri, em 1970. “Nunca vi uma seleção chorar tanto. Se enfrentar a Argentina na final, vão para o estádio cagados. E se perder? Vão se matar?”, reforçou Paolo Cannavaro, capitão da Itália campeã de 2006.
O estado emocional do grupo – em especial de Thiago Silva – foi apontado por Felipão como foco de preocupação. O técnico pediu mais razão e menos coração para o time a partir de agora, além de ter contado com a visita, segundo ele já programada, da psicóloga Regina Brandão à Granja Comary, na quarta-feira.
“Em termos psicológicos a gente está bem. O que eu tive foi para descarregar. A pressão era muito forte. Se perde, volta para casa. Eu me entrego de corpo e alma naquilo que eu faço”, disse o capitão, que recebeu apoio maciço do grupo, da comissão técnica e da direção da CBF.
O zagueiro revelou que teve uma conversa com o presidente da confederação, José Maria Marín. Também falou demoradamente com Felipão. Por fim, olhou para a própria história de vida para reafirmar que o descarrego emocional não afeta o seu jogo.
“As pessoas estão falando um pouco de bobagem, que pode atrapalhar meu rendimento. No meu caso, só ajuda. Passei por momentos difíceis. Superei a tuberculose, sofri risco de vida. Sou um campeão dentro e fora do futebol”, afirmou, em referência à doença sofrida na juventude.
Na leitura de Felipão, o pior já passou. Ser eliminado na primeira fase ou nas oitavas seria um fracasso indefensável. Cair nas quartas é um vexame menor, embora potencializado por ser em casa e contra um adversário de menor tradição. Ao invés de assustar, porém, a Colômbia anima os brasileiros.
“Jogos contra a Colômbia são alegres. Disputados com força, vigor, mas não tem guerra. Quando não se tem guerra, nossos jogadores se sentem mais à vontade. Argentinos, uruguaios e chilenos jogam em cima do nosso time com malandragem, perspicácia e aí a gente não tem isso que eles têm”, argumentou o treinador.
Quem vencer o jogo – não a guerra – de hoje, com ou sem lágrimas, vai a Belo Horizonte para a semifinal, na terça-feira. O adversário sai do confronto entre França e Alemanha.