Quarta-feira, 01 de outubro de 2014
Última Modificação: 27/08/2018 18:56:50 | Visualizada 192 vezes
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Candidato à reeleição foi o alvo preferencial dos adversários, mas também atacou os concorrentes
Críticas e ataques marcaram o último debate entre os candidatos ao governo do Paraná transmitido pela televisão, na noite desta terça-feira (30), na RPCTV. Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmman (PT), respectivamente segundo e terceiro colocados na pesquisa Ibope* divulgada na segunda-feira, criticaram duramente a atual gestão e o candidato à reeleição Beto Richa (PSDB). O tucano também atacou duramente os adversários. Participaram ainda os candidatos Bernardo Pilotto (PSol), Geonisio Marinho(PRTB), Ogier Buchi (PRP) e Tulio Bandeira (PTC).
Logo na segunda pergunta, de Geonísio Marinho para Requião, sobre a administração de penitenciárias, o peemedebista iniciou as críticas a Richa. “Construí 12 presídios e aumentei as vagas de 5 mil e pouco para 17 mil cagas”, disse Requião. “Tive uma rebelião no meu governo, pode acontecer em qualquer governo, mas hoje me escandalizo com 22 rebeliões em um ano e o narcotráfico está comandando as penitenciárias. É um apagão do atual governo, que recebeu R$ 136 milhões [do governo federal], para 6 novas penitenciárias e 14 ampliações, e não foi capaz de apresentar um projeto.”
Gleisi rebateu as acusações de Richa ao longo da campanha, de que o Paraná é discriminado pelo governo federal. Ao perguntar sobre o investimento do governo do estado na construção de casas populares, a petista disse que a propaganda do tucano é “enganosa”. Richa disse que construiu 70 mil casas e foi contestado pela adversária. Gleisi afirmou então que os recursos são do governo federal, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. “A candidata Gleisi e seu partido [PT] têm mania de se apropriar do dinheiro público”, afirmou o tucano.
Confronto direto
Requião e Richa partiram para o confronto direto no segundo bloco, quando o peemedebista perguntou ao tucano sobre o apoio dos parlamentares do PMDB estadual à reeleição do governador. Requião sugeriu que alguns parlamentares teriam recebido dinheiro para apoiar a atual administração. Ele também citou a presença do ex-governador Orlando Pessuti, que é peemedebista, no programa eleitoral do tucano. “E [Beto Richa] se diz um moço bonito, bom e simpático”, disse Requião.
Richa respondeu com ironia. “O Requião tem me elogiado muito. Até então eu levava na brincadeira, mas não sei está querendo alguma coisa comigo", comentou. O tucano disse que o apoio de setores do PMDB se deveu a investimentos no estado.
“Investimento sobre os parlamentares, sem dúvida”, respondeu Requião. “Você coloca o Pessuti no programa para dizer, sob encomenda, agressões, e posa como menino simpático. Hipocrisia tem limite. Não há governo no Paraná.” O candidato à reeleição chamou então o adversário de mentiroso. “Quem tem a fama de mentiroso não sou eu”, respondeu Richa, que lembrou os R$ 450 mil que Requião recebeu, após recorrer à Justiça, referentes à aposentadoria de ex-governador.
No terceiro bloco, Bernardo Pilotto deu a Richa a “oportunidade” de “agradecer” seus doadores de campanha. O tucano respondeu que o partido do adversário é responsável por “badernas e anarquias" e acusou o candidato do PSol de "molecagens".
Promessas
Gleisi e Richa entraram em novo confronto sobre promessas não cumpridas. A petista cobrou o não cumprimento de promessas do tucano, feitas na campanha de 2010, sobre asfaltar e duplicar rodovias. “Quem costuma não cumprir compromissos de campanha é o PT”, atacou o candidato à reeleição. “A presidente da República cumpriu metade das promessas de campanha. Prometeu construir 6 mil creches no país e construiu 400 creches". Gleisi respondeu dizendo que o adversário não cumpriu 53% das promessas feitas na campanha de 2010.
Ainda no terceiro bloco, impedido devido às regras do debate de perguntar para Richa (que já havia sido questionado duas vezes no bloco), Requião foi irônico: “Ele [Richa] não ia responder nada mesmo.”
Fantasmas
No quarto bloco, Geonísio Marinho perguntou a Beto Richa se ele mantém funcionários fantasmas em seu governo. Diante da negativa do tucano, Marinho citou um processo no Superior Tribunal de Justiça (STF) sobre o tema e disse que Richa foi convocado a depor. O governador disse então que prestará depoimento "com a maior satisfação" e atribuiu o assunto a "questões fantasiosas" e "ataques".
Richa ainda atacou Requião ao chamá-lo de "candidato aposentado" e ouviu do adversário que ele fica "no estúdio com ventilador no cabelo." O peemedebista acusou também o adversário de receber doações de empresas do pedágio. Richa obteve o direito de resposta e chamou Requião de "mitômano".
Ao longo de debate, Requião atacou a política de substituição tributária do atual governo e prometeu isentar as microempresas de ICMS. Ele lembrou de ações de suas duas gestões, de 2003 a 2009, para compará-las com programas da atual administração. Richa, ao longo do programa, tentou reforçar a imagem de que seu governo deu mais segurança jurídica ao estado, possibilitando investimentos. Gleisi tentou passar uma imagem de boa gestora e prometeu criar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Paraná.
Considerações finais
No último bloco, Geonísio Marinho disse que não recebeu doações de empreiteiras nem bancos e que correu o Paraná de "carro, ônibus e carona". Ele escreveu o número de seu partido na mão e pediu para os eleitores o divulgarem até domingo.
Túlio Bandeira prometeu que será o governador que deixará a vida dos paranaenses "mais fácil". "Vou andar todo o estado", garantiu.
Requião, em suas considerações finais, disse que Beto Richa "não tem noção alguma" do governo do estado. O peemedebista acusou o governo de beneficiar os investidores privados da Copel. "Estamos sem governo, estamos com um apagão de gestão".
Bernardo Pilotto reclamou de ter sido chamado de "moleque" por Beto Richa e disse que o debate foi cheio de acusações e frases preconceituosas contra homossexuais e idosos. Ele afirmou que Richa, Gleisi e Requião são "laranjas".
Gleisi Hoffmann pediu para ir ao segundo turno para fazer "um debate mais aprofundado" sobre o estado. Ela deu a entender que, se for eleita, o estado estará alinhado com o governo federal. Caso contrário, será o estado "do contra". A petista falou ainda sobre sua experiência como ministra chefe da Casa Civil.
Ogier Bucchi disse que "teve um sonho" de oferecer uma "proposta nova" ao Paraná, segundo ele baseada em possibilidades reais. "Não adianta ser amigo do presidente da República", afirmou. "É necessário ter compromisso com a realidade, com o fato, prometer aquilo que é possível cumprir".
Último a falar, Beto Richa afirmou ter conhecido as 399 cidades do estado. O tucano ressaltou ainda que tem "parceria com todos os prefeitos, sem preconceitos partidários" e que assumiu o estado com R$ 4,5 bilhões em dívidas.
No fim da transmissão, os candidatos que lideram as pesquisas eleitorais comentaram o debate. Beto Richa disse que tentou manter o nível do diálogo, mas precisou se defender. Roberto Requião afirmou que embora as regras do confronto fossem engessadas, conseguiu expor os defeitos do atual governo. Gleisi Hoffmann espera que o segundo turno seja confirmado no próximo domingo, e o nível do debate aumente.