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Economia aquecida afasta os jovens da universidade...

Quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Última Modificação: 09/06/2020 16:55:05 | Visualizada 261 vezes


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Programa federal que incentiva a formação de professores enfrenta concorrência do mercado de trabalho. Alunos preferem trabalhar a continuar os estudos

Com a oferta inicial de 30 mil bolsas em 2014, o Ministério da Educação (MEC) lançou ontem o programa Quero Ser Cientista, Quero Ser Professor, para incentivar o estudo de disciplinas como Matemática, Física, Química e Biologia no ensino médio. Os estudantes selecionados vão receber auxílio de R$ 150. O objetivo é estimular o ingresso no ensino superior e reduzir o déficit de professores nas áreas de Ciências Exatas e Biológicas no país.

A medida, porém, esbarra em um concorrente de peso: o mercado de trabalho aquecido. Estudo do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) aponta que a oferta de empregos em alta faz com que alunos do ensino médio entrem precocemente no mercado de trabalho e atrasem a entrada na universidade.

 

Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o Insper constatou que a proporção de jovens de 16 anos ou mais que só se dedicam às atividades escolares caiu de 9,4% em 2003 para 5,9% em 2011. Já a de jovens que só trabalham cresceu de 50,1% para 57,9% no mesmo período. Os estudantes, em sua maioria, retardaram os estudos devido ao aumento da renda média proporcionada pelo trabalho.

 

“O jovem pensa no curto prazo. Com a economia aquecida, ele deixa a escola e passa apenas a trabalhar”, afirma o pesquisador Naércio Menezes Filho, um dos autores da pesquisa, intitulada “Mudanças na situação dos jovens no Brasil”. Segundo ele, essa dinâmica preocupa porque, ao abandonar os estudos numa fase importante para a formação, o jovem tem menos chances de prosperar no futuro.

 

Para Menezes, o “Quero ser Cientista” pode até reduzir a carência de professores de exatas, mas não a evasão escolar no ensino médio. Isso porque a atração para o ensino superior demanda medidas mais profundas. “Tem que melhorar a qualidade da educação básica e atender as famílias mais pobres desde os primeiros anos, para que elas se sintam em condições de igualdade.”

 

Falta confiança

 

O professor Mozart Neves Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação e um dos que desenharam o programa federal, discorda que a saída do ensino médio para o mercado de trabalho seja fruto de pressão econômica. Ele acredita que quando se sentem preparados, os jovens buscam o ensino superior. Quando não, é porque não acreditam estar em condições de ir adiante.

 

Ramos diz que o programa não consiste em uma simples bolsa de incentivo, mas em estratégias em prol do magistério. Uma delas é incorporar alunos do ensino médio ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes), que já concede bolsas a graduandos de licenciatura para incentivá-los a se tornarem professores.

 

Programa será fonte de novas experiências

 

O professor Sérgio Arruda, que coordena o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) na Universidade Estadual de Londrina (UEL), acredita que, assim como já ocorre com a modalidade do Pibid destinada a graduandos, o programa “Quero ser cientista, Quero ser professor” não será garantia de que os jovens trabalharão na área nem de que se formarão. Mesmo assim, diz que a proposta é válida pela oportunidade que representa. “É uma forma de dar uma nova experiência ao jovem”, analisa.

 

Arruda explica que o Pibid busca a valorização da formação de professores, através de uma parceria com escolas da rede pública que recebem os graduandos de licenciatura. Na UEL, o programa oferece bolsas de R$ 400 a alunos de 15 licenciaturas. Os bolsistas contam ainda com supervisores nas escolas. “Eles têm mais condições de vivenciar o que é ser professor antes do estágio supervisionado. É como se fosse uma residência pedagógica”, explica ele, ao lamentar, contudo, que o magistério ainda seja desqualificado perante outras profissões.

 

Política de estímulo

 

Mestre em Políticas Científicas e Tecnológicas, a professora de Economia da Universidade Positivo Leide Albergoni Bilinsk considera que a bolsa prevista é válida como incentivo para bancar despesas mínimas do aluno, mas que, por si só, não vai atrair jovens para o magistério.

 

Para ela, é preciso melhorar as condições de trabalho dos docentes e a formação básica dos estudantes para eles possam se candidatar a uma vaga de exatas. “É necessário ter uma política continuada. O professor ainda está desvalorizado”, frisa.

 

 

 


Fonte: GAZETA MARING

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