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Milho rende etanol mais barato que o de cana...

Terça-feira, 05 de novembro de 2013

Última Modificação: 09/06/2020 16:54:05 | Visualizada 374 vezes


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Usinas de Mato Grosso usam o cereal para testar viabilidade e aliviar pressão da oferta, que reduz cotações do grão abaixo dos custos

Mato Grosso segue o exemplo dos Estados Unidos no uso de milho para a produção de etanol com o objetivo de garantir uma demanda extra para o cereal. Duas usinas que produziam combustível com cana-de-açúcar se adaptaram para receber e processar parte do volume excedente da colheita do grão no estado, uma em Campos de Júlio (Oeste) e outra em São José do Rio Claro (Centro-Oeste).

 

As duas usinas ainda não processam volume capaz de elevar os preços ao produtor, mas produzem etanol de milho mais barato que o de cana. A diferença do custo é de R$ 0,97 para R$ 0,78, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo. E o preço de mercado do grão está um terço abaixo do que o valor máximo que as destilarias poderiam pagar neste momento: R$ 18 por saca (60 quilos), cotação comparada a que se pratica no Paraná.

 

As destilarias de milho planejam dobrar sua capacidade de processamento em um ano, o que anima a agricultura. O excesso da produção de milho em Mato Grosso faz a renda no campo ficar abaixo dos custos e derruba as cotações em todo o País.

Nas usinas, a ociosidade e os custos baixaram. “Antes de receber milho, deixávamos de trabalhar e faturar seis meses por ano, por causa da entressafra da cana. Com isso, a mão de obra, que antes era sazonal, hoje está sendo qualificada aqui”, diz o diretor da Usimat, Sérgio Barbieri.

 

A empresa, administrada pelo Grupo Sipal, de Curitiba, é a primeira a usar milho no Brasil. Um investimento de R$ 47 milhões adaptou a estrutura da planta para uso do cereal como matéria-prima. O retorno do valor investido deve ocorrer de três a cinco anos, conforme estudo da empresa.

A usina processa 100 mil toneladas de milho ao ano como complemento ao uso de cana, ainda a principal fonte de etanol na destilaria. Aos poucos, no entanto, a ideia é elevar a proporção do milho, com compras durante todo o ano. Dependendo dos preços, o grão pode ter uso dobrado em 2014.

 

O caso pioneiro da Usimat serve de inspiração. Outros investidores paranaenses inauguraram a segunda destilaria que usa milho em Mato Grosso, a 500 quilômetros da primeira, em São José do Rio Claro. Em outubro, as máquinas da Libra entraram em operação, moendo 20 toneladas por hora.

 

Os quatro sócios, que saíram de Bandeirantes (Norte Pioneiro do Paraná) na década de 1990 rumo ao Centro-Oeste, usaram 100% de recursos próprios para tirar o projeto do papel. Em Rio Verde (Sudoeste de Goiás) outra planta deve ser construída.

Para 2014, a previsão do grupo é processar 900 mil toneladas de cana e 185 mil toneladas de milho. Em 2015, com a aplicação de mais R$ 10 milhões – o plano total prevê aporte de R$ 25 milhões – os empresários querem chegar a 285 mil toneladas de cereal processadas.

 

Custo de produção de carne deve cair

 

A transformação de milho em etanol deve baratear os custos de produção na avicultura, suinocultura e bovinocultura. Isso porque os DDGs, subprodutos gerados com a moagem do cereal, podem ser utilizados na nutrição animal e a custos inferiores aos do farelo de soja, cujos preços acompanham a valorização da oleaginosa.

 

No último ano, a tonelada do produto chegou a valer mais de R$ 1,2 mil. Já o farelo de milho tem preço 50% mais baixo e com alto teor de proteína (mais de 30%). “Vendemos antecipadamente 16 mil toneladas de DDG a um valor de R$ 440 por tonelada”, revela o diretor da Usimat, Sergio Barbiéri.

 

De acordo com estudo de viabilidade realizado pela consultoria INTL FC Stone, para cada tonelada de milho, podem ser produzidos 375 litros de etanol, 240 toneladas de DDG e 18 litros de óleo. A empresa, que analisou profundamente o assunto por encomenda de clientes interessados em apostar na ideia, acredita que o etanol de milho pode ser uma realidade não muito distante no País.

 

Por outro lado, esses projetos só cabem em regiões com excesso de produção e onde não há uma logística de escoamento eficiente e barata, conclui o diretor-executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paulo.

 

Fonte: GAZETA-MARING

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