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Seca quebra campos de sementes do PR...

Terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Última Modificação: 09/06/2020 16:51:05 | Visualizada 228 vezes


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Produtores estimam que a perda na soja é de 40% em relação ao potencial. Redução deve elevar custos de plantio na próxima temporada

Postado em 18 de fevereiro de 2014

Produtor Edson Roberto Freire, de Ventania, calcula que a perda será de 50% nos 380 hectares destinados à produção de semente da soja

Mais suscetíveis às intempéries do clima, os campos de sementes de soja do Paraná registram problemas por causa da falta de umidade e altas temperaturas das últimas semanas. Estimativa da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem) aponta redução de 40% na produção sementeira.

O levantamento da entidade indica que a oferta deve cair de 250 mil toneladas previstas no inicio deste ciclo para 150 mil toneladas. O problema deve interferir nos custos da próxima temporada (leia mais ao lado). O volume que não for classificado como semente deve ser aproveitado pela indústria, que dará o preço conforme a qualidade do produto.

De acordo com apuração da reportagem, o clima só não castigou os campos sementeiros da região Sudoeste do estado. As demais áreas confirmam perdas e ainda estão sujeitas a problemas. Além da redução na oferta, há perda de qualidade das sementes colhidas até o momento. “Alguns lotes devem ser reprovados por causa da baixa qualidade”, afirma Antônio Alberto Gomes da Silva, gerente comercial de semente da cooperativa Batavo, de Carambeí, nos Campos Gerais.

Na região de atuação da cooperativa, as perdas são de 30%. A Batavo tinha a previsão de produzir 500 mil sacas de 40 quilos de sementes, sendo 25% para abastecer associados e o restante para venda no mercado. A vizinha Castrolanda, em Castro, também nos Campos Gerais, estimava colher 18 mil toneladas de cultivares. Porém, além da perda estimada em 15% na região, a área de 1,7 mil hectares ao Sul de São Paulo, nos municípios de Itapeva, Itaberá e Itararé, registram desclassificação ainda maior, de 80%.

“Se conseguirmos colher 1 mil tonelada para semente [das 5 mil toneladas previstas para área em São Paulo] já será muito. A situação é caótica”, define Charles Alan Teles, coordenador de produção de semente da cooperativa.

Há cinco anos, o agricultor e sementeiro Edson Roberto Freire, do município de Ventania, dedica parte da sua propriedade para a multiplicação da oleaginosa. Ele foi atraído para o negócio por conta do bônus de até 10% em cima do preço da soja no mercado. Mas neste ano a estiagem deve levar parte do lucro esperado. “Cerca de 30% da área – 380 hectares – não está pronta e a quebra será de 50%. Multiplicar exige monitoramento constante, limpeza das máquinas para não misturar variedades e outros cuidados. Os gastos são maiores. A situação está difícil”, afirma o produtor, que aumentou em 130 hectares a área em relação à temporada passada.

Jean Bouwman, um dos 110 produtores de semente de soja no Paraná, previa colher 65 sacas por hectare quando planejou dedicar 450 hectares para multiplicação – 100 hectares no Paraná e outros 350 hectares em solo paulista. “Não sei se consigo tirar 15 sacas [de sementes] por hectare. O déficit hídrico é muito grande. O calor está derrubando as folhas e a planta não tem mais capacidade de enchimento”, lamenta.

Na temporada atual, o Paraná dedicou cerca de 5 milhões de hectares à soja, conforme indicador da Expedição Safra Gazeta do Povo. Se esta área for mantida no próximo ano, a demanda por sementes seria em torno 200 mil sacas. A tendência é que estados como Santa Catarina assumam maior fatia do mercado paranaense.

“A situação para próxima safra é preocupante”, ressalta Eugênio Bohatch, diretor executivo da Apasem. “Estamos preocupados principalmente em função da qualidade do produto colhido”, complementa o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison, que prefere não estimar a perda. A entidade mantém a projeção de produção nacional de 1,2 milhão de toneladas de semente no país.

Com oferta menor, preços tendem a subir

Grãos que perderam capacidade de germinação serão destinados à indústria.

A escassez tende a inflacionar o mercado das sementes de soja. Com oferta reduzida e demanda em alta – principalmente em função dos bons preços da commodity, que estimulam o plantio –, o setor projeta reajuste no preço das cultivares mais disputadas antes do plantio de 2014/15, que começa em setembro.

“As perdas impactam e geram valorização da semente”, aponta o gerente comercial de Sementes da cooperativa Batavo, Antônio Alberto Gomes da Silva. “Acredito em, no mínimo, 15% de aumento no preço”, faz coro o coordenador de Produção de Semente da Castrolanda, Charles Alan Teles.

De acordo com dados da Apasem, no plantio passado, o preço das cultivares na região Sudoeste ficou entre R$ 1,90 e R$ 3 o quilo. Nos Campos Gerais, a comercialização do quilo de semente foi entre R$ 2,50 e R$ 2,80.

Para o multiplicador Jean Bouwman, o produtor paranaense precisa estar preparado para gastar na compra de cultivares para o próximo plantio. “Haverá pouca semente na mão do produtor. Estimo preço mínimo de R$ 4,50 o quilo. Talvez chegue a mais”, aponta.

Setor reivindica inscrição emergencial de novos campos

Calor e falta de água evitam o completo enchimento dos grãos

A tendência de redução na oferta de sementes de soja para a temporada 2014/15 fez com que a Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem) solicitasse, na semana passada, autorização para novos campos de multiplicação junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“Se o Ministério der o aval para a inscrição de novos campos, em virtude do estado de emergência, trará um alento para o agricultor”, ressalta Charles Alan Teles, coordenador de produção de semente da Castrolanda.

O pedido teve o parecer favorável dos membros da Comissão de Sementes e Mudas do Paraná e da Subcomissão de Soja, órgãos consultivos do Mapa. Ontem, a documentação seguiu para Brasília solicitando a substituição das áreas que registraram perda.

De acordo com o diretor-executivo da Apasem, Eugênio Bohatch, existe o receio de que a burocracia em Brasília atrase o processo. No ano passado, o Mapa demorou quatro meses para liberar novos campos de produção de sementes de trigo após duas geadas fortes – em julho e agosto – que afetaram a multiplicação do cereal no estado.

“O ideal é a liberação sair para ontem. Se for igual ao trigo complica. O reflexo serão problemas na oferta de sementes de soja para a próxima safra”, aponta do executivo da Apasem. “A pressão da soja é maior, pois tem peso positivo na balança comercial. Estimo e faço votos que a aprovação ocorra em 15 dias”, diz Scylla César Peixoto Filho, chefe do Serviço de Fiscalização e Insumos Agrícolas da Superintendência Federal do Mapa no Paraná.

 
 


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