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Um em cada três bebês que nascem hoje no mundo vai viver até os cem anos. À medida que a expectativa de vida aumenta, crescem também os desafios para que os anos a mais sejam vividos com qualidade e independência. Estudo recente da Universidade de São Paulo (USP), intitulado “Sabe”, revela que as pessoas vivem mais tempo, mas as doenças não estão aparecendo mais tarde. Isso significa mais tempo de vida convivendo com problemas de saúde.
Atentas a esse fenômeno social, as universidades têm considerado o envelhecimento da população como objeto de estudo e pesquisa, o que tem resultado em iniciativas inovadoras. A preocupação com a inclusão e saúde mental dos idosos, por exemplo, levou à criação de espaços voltados para a aprendizagem dos velhinhos. As universidades estaduais de Londrina (UEL), de Ponta Grossa (UEPG) e de Maringá (UEM), assim como a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), por exemplo, têm turmas específicas para a terceira idade.
A PUCPR também envolveu no último mês estudantes de todos os cursos da Escola de Saúde e Biociências no concurso Missão Saúde. Grupos formados por alunos de diferentes cursos criaram serviços e produtos voltados para a qualidade de vida do idoso. Houve premiação das melhores ideias e entre elas está o projeto Aquaclock. Integrante da equipe premiada, a estudante do 6º período de Nutrição Eloisa Cristina Gonçalves, diz que a dificuldade que os idosos têm de se manterem hidratados e com a administração dos remédios na hora certa motivou a equipe, que criou um cooler que avisa o horário da água e dos remédios. “Queríamos um produto para dar autonomia. Em vez de achar que idoso não tem capacidade de fazer as coisas sozinhos, bolamos um produto que mantém a temperatura da água gelada e é carregável, para incentivá-los também a fazerem atividade física”, conta.
Para o coordenador do projeto, o professor
Sergio Surugi de Siqueira, cabe às universidades a preocupação em formar os estudantes para que os novos profissionais estejam preparados para atuar na melhoria das condições de vida dos idosos.
Projetos que visam o bem-estar nas idades mais avançadas também são comuns na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, em Campinas. Segundo Maria Elena Guariento, coordenadora da disciplina de Geriatria, a funcionalidade é a palavra-chave no que diz respeito à velhice. “Para o idoso mais importante que pensar em doenças, é buscar que ele não deixe de ser independente, que mantenha a qualidade de vida e não perca a funcionalidade, por isso temos de investir na prevenção e na reabilitação”, conta.
Ideias que surgem de necessidades reais
Sabendo da necessidade dos mais idosos de se sentirem seguros ao caminhar, a mestranda em Engenharia Biomédica pela UTFPR Paloma Hohmann Poier desenvolveu um andador que promove a sustentação corporal. Segundo ela, andadores comerciais com função semelhante têm variação de preço entre 2 mil e 20 mil reais.
“O nosso custou apenas 200 reais porque foi feito com PVC, e mesmo assim apresenta alta resistência mecânica”, conta. Ela afirma que quando os idosos sofrem quedas, passam a ter medo de andar. Essa insegurança pode resultar em imobilização ou uso da cadeira de rodas, o que pode ser evitado com o andador especial.
Além da segurança a autoconfiança também é determinante para a qualidade de vida na terceira idade, segundo Marilene Buffon professora e chefe do Dpto de Saúde Comunitária da Federal do Paraná (UFPR).
Entre as atividades de pesquisa e extensão ela destaca as atividades voltadas à saúde bucal. “O idoso quer sorrir, precisa se alimentar, ter o ato mastigatório e segurança, ou vai perdendo a autoestima e se tornando dependente”, diz.
Interatividade
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Fonte: Gazeta Maring