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Mananciais distantes v?o matar a sede de 4 milh?es de pessoas..

Terça-feira, 11 de março de 2014

Última Modificação: 09/06/2020 16:50:41 | Visualizada 243 vezes


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Até 2040, Sanepar vai buscar água de quatro novos pontos na Grande Curitiba. Barragem do Miringuava é aposta para aliviar a demanda

Para matar a sede de 4 milhões de pessoas – população estimada para 2040 na Região Metropolitana de Curitiba – será necessário captar água em quatro novos pontos, cada vez mais distantes da capital. Os dados fazem parte do Plano Diretor de Abastecimento para a Grande Curitiba, elaborado a pedido da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), e estimam investimentos de mais de R$ 550 milhões nos próximos anos. Uma das maiores obras previstas é a construção da barragem no Rio Miringuava, em São José dos Pinhais. O manancial hoje fornece até 900 litros de água por segundo. Com a barragem concluída, a capacidade máxima será de 2 mil l/s.

 

Sem folgas, sistema esteve sujeito a um colapso

O sistema de abastecimento de Curitiba e região metropolitana esteve sujeito a um colapso. Os dados do levantamento feito para a Sanepar mostram que a capacidade esteve abaixo da estimativa de uso da água nos anos de 2011 e 2012. Ou seja, a estrutura não era suficiente para fazer frente às necessidades da população. A captação de água – sujeita a variações como falta de chuva e calor excessivo – precisa operar com uma folga no sistema.

Em 2012, a oferta de água se igualou à demanda. Sem uma margem de segurança, o sistema começou a falhar. “Com o resultado do plano diretor percebemos o nível de gravidade que a situação chegou”, comenta o presidente interino da Sanepar, João Martinho Cleto Reis Junior. Quando a barragem do Rio Miringuava estiver cheia, a margem de segurança será de quatro a seis meses de garantia de água. É o mesmo “estoque” disponível hoje, mas leva em consideração que a população e o consumo vão aumentar nos próximos anos. Caso haja uma estiagem semelhante à registrada em 2006 e gastos de água parecidos com o atual verão, o sistema seria capaz de suportar a demanda.

Captação precisa ser planejada a longo prazo

A escassez de água que afeta atualmente parte da população paulista reforça a importância de planejar a captação de água a longo prazo. Essa é opinião de dois especialistas em recursos hídricos entrevistados pela Gazeta do Povo. Para Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, são raros os casos em que companhias de saneamento se preocupam em planejar o futuro. Sobre o presente, ele comenta que 55% dos grandes centros urbanos precisarão investir rapidamente em abastecimento porque estão operando muito no limite entre o que captam e usam.

A captação de água em aquíferos gera apreensão e dúvida. Tirar o líquido de bolsões no subterrâneo pode desestabilizar o solo. Além disso, “é uma fonte que precisa ser usada com responsabilidade, porque deveria ser preservada para as próximas gerações”, diz.

No Paraná, a decisão sobre a possibilidade de exploração de aquíferos depende de avaliações do Instituto das Águas. Sobre a construção de barragens, Carlos diz que é preciso analisar caso a caso. Em algumas situações, elas são mais benéficas do que outras ações mais invasivas.

Elizabeth Juliatto, especialista em recursos hídricos da Agência Nacional de Águas, destaca que existem recursos financeiros disponíveis no mercado para quem apresenta bons projetos. Ela também elogia o planejamento a longo prazo, mas enfatiza a necessidade de fazer ajustes ao longo do tempo.

Cantareira opera só com 16%

O consórcio que representa municípios e usuários de água das 73 cidades da região de Campinas (SP), onde estão os rios e represas que foram o Sistema Cantareira - maior fonte de abastecimento da Grande São Paulo -, divulgou nota ontem acusando o governo estadual e a Sabesp de transmitirem “a falsa impressão” de que o problema da falta de água está controlado. Os reservatórios do Cantareira, ontem chegaram a 15,9% da capacidade total. A carta do consórcio é uma resposta às medidas de redução de retirada de água do sistema e a transferência de outros sistemas para suprir a demanda de 2 milhões de pessoas. “O fato (...) levou a falsa impressão que a região metropolitana está protegida e que possui um sistema interligado, de vários reservatórios, que garante seu abastecimento em qualquer situação. Tais reservatórios existem, mas são insuficientes para garantir o abastecimento, principalmente em período de estiagem”, diz a nota.

Reforço

Além dos pontos de captação e de tratamento de água, o Plano Diretor de Abastecimento para a Grande Curitiba estabelece o reforço do sistema de armazenagem. O número de reservatórios deve aumentar dos atuais 50 para 60, ampliando a capacidade de “guardar” água de 315 milhões de litros para 460,6 milhões de litros. O objetivo é que não haja “problema com falta de água ou de qualidade”, resume João Martinho Cleto Reis Junior, presidente interino da Sanepar.

Captação

O estudo sobre mananciais possíveis começou em 2011 e custou R$ 1 milhão. O grupo de trabalho avaliou várias opções e concluiu que a ampliação da captação no Miringuava e a exploração de outros três pontos – poços em Campo Magro, barragem no Rio Faxinal, em Araucária, e a reserva do Aquífero Karst que aflora no Rio Capivari – seriam suficientes para assegurar que não faltará água. Hoje a capacidade de produção de água na região é de 10.452 litros por segundo. Em 2040, deverá chegar aos 13.765 l/s, aumentando a oferta em um terço.

O cenário para a RMC é diferente das dificuldades encontradas em outros grandes centros urbanos. São Paulo e Nova Iorque, por exemplo, foram captar água mais longe, mas precisaram recorrer a uma única fonte. Já a situação da Grande Curitiba não é de vasta disponibilidade. Assim, foi necessário recorrer a várias fontes menores. “Estamos em uma área de nascentes”, explica João Martinho Cleto Reis Junior, presidente interino da Sanepar. Pelo mesmo motivo, a empresa opta por fazer barragens, como a do Iraí.

Plano

O plano diretor considerou projeções de crescimento populacional, econômico e de consumo de água. O estudo leva em conta as áreas conturbadas, já que há uma interdependência que extrapola questões geográficas: nem sempre a cidade produz água suficiente para si mesma. Os recursos a serem investidos vêm de várias origens, como o PAC do Saneamento, BNDES e recursos próprios, e não inclui a estimativa de gastos com a expansão da rede distribuidora. Também não estão previstos gastos para coleta e tratamento de esgoto porque um estudo específico está sendo elaborado.

Paranasan

O investimento previsto pelo novo plano diretor da Sanepar não é o maior já feito na área de abastecimento na região. Entre 1998 e 2004, foram implantadas as obras do programa Paranasan, com 180 milhões de dólares, em valores da época, destinados para o sistema de água da RMC e Litoral.

Obras da barragem devem começar ainda em 2014

Uma área do tamanho de três parques Barigui deverá ser alagada, a cerca de 30 quilômetros do centro de Curitiba, para garantir um novo reservatório de água para os moradores de Curitiba e região metropolitana. A barragem do Rio Miringuava deve começar a ser construída ainda em 2014 e a previsão é de que esteja cheia nos próximos dois anos. Serão investidos R$ 87 milhões, sendo a metade para a barragem e o restante para cobrir despesas, como o pagamento de desapropriações a 150 donos de terras.

Para assegurar a qualidade do manancial, a Sanepar pretende promover um programa semelhante ao Cultivando Água Boa, da Usina de Itaipu, que incentiva a preservação das fontes de recursos hídricos. Não está descartado o chamado pagamento por serviços ambientais – ou seja, um bônus em dinheiro para quem cuida de nascentes que tem na propriedade.

Variação

Hoje o Miringuava já fornece água para as cidades da Grande Curitiba. Contudo, com a captação no leito, o sistema está sujeito às variações do fornecimento de água. A barragem deve funcionar como uma garantia constante do recurso e permitirá dobrar a capacidade captada. A crista da barragem terá 306 metros de comprimento e 26 metros de altura.

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