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Setor de gr?os quer barrar fus?o da ALL com a Rumo....

Sexta-feira, 21 de março de 2014

Última Modificação: 09/06/2020 16:50:23 | Visualizada 244 vezes


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Receio é que a “nova” ALL privilegie cargas de açúcar da Cosan. Pelo menos 5 entidades e empresas pressionam o Cade contra o negócio

A mobilização para tentar barrar ou impor condições à fusão da América Latina Logística (ALL) com a Rumo, do grupo Cosan, reúne pelo menos três entidades do setor de grãos e duas empresas privadas. Elas temem que a ALL passe a priorizar cargas do seu novo acionista, com forte atuação no mercado de açúcar e etanol, em detrimento dos demais clientes do setor de soja e milho. A ofensiva teve início há quatro meses quando a TCA Logística Trans­portes e Armazéns Gerais Ltda fez uma denúncia no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão antitruste do governo, sobre práticas comerciais abusivas envolvendo a ALL e a Cosan. Um inquérito foi aberto para apurar o contrato de transporte de açúcar da Cosan pela ALL.

 

Em seguida, a Federação da Agricultura do Paraná (Faep), a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja-Brasil) e a Fibria Celulose S/A se manifestaram como partes interessadas no processo. Todos pressionam para que o Cade imponha medidas de proteção ao setor antes mesmo de o pedido de fusão ter chegado ao órgão.

Interesses à parte, o temor dos produtores de grãos faz sentido. Com a fusão, a Cosan passa a ter poder na ferrovia responsável por atender o principal corredor agrícola do país e responsável pelo maior volume de embarque de grãos. São 12 mil quilômetros de vias férreas com acesso aos portos de Paranaguá e Santos (SP), que passam pelos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No ano passado, 22% das exportações de soja, 21% das vendas de farelo e 26% das de milho foram transportadas por trilhos da ALL.

“Se o negócio sair, um cliente passa a ser dono da ferrovia. O risco é que a ALL passe a privilegiar a Cosan e limite os vagões para os demais setores”, diz Nilson Hanke Camargo, assessor técnico e econômico da Faep.

Sem investimentos

A disputa entre produtores de grãos e açúcar ganhou fôlego porque a capacidade de transporte da ALL é hoje limitada pela falta de investimentos. Embora as safras de grãos e de cana ocorram em períodos diferentes, a demanda hoje é praticamente contínua ao longo do ano, lembra Camargo, da Faep.

Cada tonelada de produto transportada pela ALL é uma tonelada a menos de outro. Segundo o diretor executivo da Aprosoja-Brasil, Fabricio Rosa, desde o ano passado a ALL não aceita novos clientes do setor de grãos.

Os volumes de soja e milho são cinco vezes maiores do que os de açúcar e a recusa ou o aumento do frete pode empurrar essa safra para as rodovias. “Há uma preocupação de que essa fusão possa piorar ainda mais as condições do transporte do setor.”

Acionistas devem se manifestar em 15 dias

O Conselho de Admi­nis­tra­ção da ALL tem até 5 de abril para avaliar a oferta de fusão proposta pela Cosan. Se aprovada, a operação será levada para assembleia de acionistas e terá de ser aprovada por no mínimo 51% dos membros. Pela proposta, a Rumo deve incorporar a totalidade das ações de emissão da ALL, ficando com 36,5% da companhia resultante da união, enquanto os demais 63,5% do capital caberiam aos sócios da ALL, segundo fato relevante da Cosan.

A oferta considera um valor de referência para a ALL de R$ 6,959 bilhões, equivalente a R$ 10,184 por ação. O valor, no entanto, não teria agradado aos fundos que têm participação na empresa.

Pelos termos da proposta, a Cosan será responsável por indicar a maioria dos conselheiros da companhia combinada, num total de nove das 17 cadeiras. Os outros acionistas da Rumo, os fundos de investimento TPG e Gávea, teriam uma cadeira cada, bem como os atuais acionistas da ALL (BNDES, fundo BRZ ALL, Previ, Funcef, Julia e Ricardo Arduini e Wilson de Lara).

Essa é a segunda vez que a Cosan tenta adquirir a ALL. Em fevereiro de 2012, a empresa fez uma oferta pela compra do bloco de controle da operadora ferroviária. Foram oferecidos quase R$ 900 milhões para comprar 38,9 milhões de ações da ALL, o equivalente a 5,6% do capital total da companhia. Na época, as negociações esbarraram na exigência da Cosan de fazer uma auditoria nas contas da ALL. Embora estejam negociando uma fusão, as duas empresas têm uma pendência judicial, em que a Cosan acusa a ALL de não fazer investimentos necessários na sua malha até o Porto de Santos (SP).

A fusão tem o apoio do governo, que pressiona a ALL para acelerar investimentos. Os donos da Rumo, no entanto, condicionam a execução de investimentos” estruturantes” à prorrogação dos prazos de concessão da malha.

 

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